Ana Resende
Livro Passagens
1 FEV 2024

Olá! Partilho os testes que fiz no sentido de dar resposta às questões levantadas.


Sobre o ensaio visual, fiz os tais spreads com as miniaturas e o texto transcrito e traduzido. Sei que o Português podia ser dispensável, porque já está na peça original, mas achei que poderia fazer sentido repetir, nesta lógica de espelho que se estende pelo livro todo. Depois teríamos de ver onde ficam melhor, se no fim, em jeito de créditos, ou logo a seguir ao ensaio. Fiz um teste com 6 imagens por página (se preferirmos uma versão mais compacta, de menos páginas) e outro que mantém a relação de pares do ensaio (se a intenção for preservar essa relação das imagens duas a duas).

VERSÃO 1





VERSÃO 2




Fiz um teste de forma a introduzir a escala que tinha no texto do Guilherme, para criar outro tipo de nuances no livro, mas ainda não estou muito certa. Teremos de ver depois com o conteúdo todo se fará sentido. Mas, neste caso, seria destacar sempre o primeiro parágrafo de cada texto.



Em relação ao texto da Paz, deixo então os testes que incluem aquelas partes excepcionais, integrando-as na lógica do nosso layout. No caso do whatsapp, adaptei o formato conversa e eliminei a foto. Penso que resultou, até acho mais interessante ler as reacções a uma fotografia que não está lá (não liguem às traduções, como não tenho o conteúdo final vem directo do Google Translator).




Na capa acrescentei os nomes de todos, ensaiando um movimento serpenteante, mais do que mimetizar a forma de uma serpente. Ainda mantive as duas línguas, mas se sentirem mesmo que não vale a pena, posso repensar. Sinto que a capa ainda precisa de um pouco mais de trabalho, mas gostava de ter primeiro o orçamento de produção fechado, para jogar com isso. Há algum elemento ou informação que seja necessário acrescentar? 








24 JAN 2024
Das nossas primeiras conversas guardei, entre outras, a expressão “um livro para ler”, que foi fazendo cada vez mais sentido à medida que me foram chegando os conteúdos. Com a questão da narrativa visual resolvida pelo ensaio do Wellington e da Renata, e havendo a intenção de essas serem as únicas imagens do vosso trabalho no livro, a abordagem que proponho parte mais de uma composição tipográfica subtil e sensível, do que de um grande gesto gráfico. Usando sempre a mesma fonte (um redesenho contemporâneo de uma tipografia clássica que privilegia a leitura), as diferentes hierarquias de informação, as intenções conceptuais e as nuances de cada texto são exploradas através da posição e ocupação da mancha na página, e não pelo “artifício” do uso de diferentes tipografias, tamanhos, etc. No fundo, parte de uma matriz clássica mas subverte um pouco a estrutura convencional da página, inscrevendo-a assim num ambiente mais contemporâneo.





Em todos os textos parece estar sempre presente uma ideia de dicotomia — documentário/ficção, grande produção/pequena produção, mundo dos vivos/mundo dos mortos, etc. O próprio título, Passagens, pressupõem essa travessia constante entre universos diferentes. Pareceu-me que podia ser interessante tirar partido de uma necessidade prática – resolver a questão das duas línguas –  para ensaiar uma intenção conceptual. Assim, o rodapé tradicionalmente no fundo da página, passaria para o centro, o texto em português correria sempre em cima, e o inglês em baixo. A não justificação das colunas – e uma proposta um pouco menos convencional de justificar um dos textos à direita, sem comprometer a leitura – cria uma mancha mais orgânica que vai sendo pontuada por notas e outros apontamentos particulares a cada texto.







Esta mancha densa é interrompida apenas pelo ensaio visual que, como falámos, viria encartado no próprio livro, com um formato diferente. Imaginei que pudesse ser impresso num papel muito fininho, com algum brilho, para simular de certa forma a tela de cinema e criar um contraste com o papel do resto do miolo.


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Para a capa, tive sempre vontade de trazer um certo ambiente dos últimos dois filmes – que acabam por ser os protagonistas desta publicação – e que passa pelas cenas inicial e final do Chuva, mas também por uma cena do Flor do Buriti que me prendeu do ponto de vista plástico e conceptual: a silhueta das árvores recortada no céu à noite, e a lanterna que é apontada. Para mim, há um mistério nesta imagem que nos poderia levar a múltiplas interpretações – um pouco extrapoladas, bem sei – mas que culminam na própria metáfora do (vosso) cinema. Para não retirar força às imagens do ensaio visual, pensei em fazer um reinterpretação gráfica dessa cena, onde podíamos tirar partido da materialidade do objecto (usar relevo e/ou serigrafia sobre um papel de cor). E (porque não) voltar a subverter a convenção e passar título e restante informação para a contracapa, deixando apenas a imagem na capa. O livro, como já tínhamos falado, seria em capa dura com a lombada arredondada, a no formato de um caderno (ligeiramente maior que um A5). Deixo algumas hipóteses.


 
   


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Espero que gostem! Aguardo os vossos comentários.
Abraço,
Ana











19 OUT 2023

Após a nossa conversa, esta é a primeira ideia para uma possível abordagem ao livro, que procura uma forma de traduzir visualmente os conceitos que discutimos, mais do que propor uma linguagem gráfica específica. As imagens que se seguem são esboços, experiências, explorações mais ou menos cuidadas, que nos permitem iniciar este nosso diálogo – um dos muitos que se vão cruzar neste livro.





Rituais de Passagem. Paisagem em Passagem. Serpente. Filmes como processos, não como objetos. Representar as ideias mais do que os filmes. Coletivizar o trabalho. Amigos que se sentam a jogar umas cartas e a beber um vinho.          Para dar forma a estas ideias, imaginei uma narrativa visual contínua, onde as imagens – com diferentes escalas e posicionamentos – vão criando uma relação entre si, ora temática, ora formal, dando origem a novas leituras sobre o material, a associações inesperadas, ressignificando os próprios filmes. Estas imagens podem ser fotogramas, fotografias de rodagem, apontamentos em cadernos, imagens de referência ou outras que façam sentido para vocês ou para os autores dos textos.









A essa sequência vão sendo adicionados pequenos apontamentos em texto – excertos que antecipam ideias dos textos convidados, comentários vossos que acrescentam outras dimensões. Lentamente, a imagem desmaterializa-se, transforma-se em texto. A leitura torna-se mais estruturada, mais tradicional. É um momento de pausa para refletir sobre as ideias. Até se retomar um novo fluxo de imagens e reiniciar a viagem.












Esta ideia pode ser materializada numa forma mais orgânica, uma interpretação mais ou menos literal da ideia de serpente; ou assumir uma estrutura mais regrada – aqui numa referência à película. As imagens suceder-se-iam numa lógica de colunas, pontualmente interrompidas por texto, até que este conquista o espaço total da página.











Ambas as abordagens vão de encontro à ideia de diálogos cruzados, de múltiplas vozes que constroem um universo comum. Evocam igualmente a sensação de tempo, um tempo elástico, que se sente de maneiras diferentes, por vezes comprimido e acelerado, por vezes distendido e contemplativo. Pensar um livro como quem pensa um filme.





Como objecto, propõe-se uma reintrepretação do bloco de notas, remetendo para a ideia de processo, de contentor de ideias. Um caderno usado no trabalho de campo por cineastas, mas também por antropólogos, arquitetos e outros pensadores. Ligeiramente maior do que o formato A5 – para que as imagens possam também ganhar alguma expressão – com capa dura, revestida a tecido ou a papel, lombada arredondada e fitilho. Um objeto clássico, mas com uma linguagem gráfica que o transporte para um contexto visual contemporâneo.














Aguardo os vossos comentários!
Obrigada

Ana